Biografia de Eurícledes Formiga
Chamado pelo mestre Chico Xavier de ‘Formiguinha de Luz’, o poeta participou da efervescência cultural brasileira, publicou livros e auxiliou muitas pessoas por meio de sua mediunidade. Ele ganha merecida biografia pelas mãos de seu filho, Miguel Formiga
Eurícledes Formiga acaba de ganhar uma merecida biografia, assinada por seu filho, Miguel Formiga, e editada pela Vivaluz Editora. Chamado de “Eurícledes Formiga, de Poeta a Médium, a resistência e a transformação”, o livro traça o perfil do poeta, que dedicou a vida à amizade com os mais importantes personagens brasileiros do século XX, à criação de fantásticos poemas e ao conforto de quem busca paz espiritual por meio da mediunidade.
Chamado pelo mestre Chico Xavier de “Formiguinha de Luz”, o poeta desenvolveu a mediunidade, escreveu e publicou poemas como poeta e como médium e hoje é referência no meio espírita.
A vida de Eurícledes Formiga
Nascido em pleno sertão paraibano, em 1924, ele perdeu o pai cedo, tendo de ajudar no sustento dos irmãos. Como todos os que falam muito bem e fazem amizade fácil, Eurícledes logo se destacou, levou a família para morar na capital, João Pessoa, e passou a frequentar as noites dos boêmios e a proporcionar a eles rodas de recitais. Na mesma época, ele ficou famoso por sua memória prodigiosa, sendo sempre desafiado a testes públicos, nos quais proporcionava verdadeiros shows ao lembrar-se de frases, poemas e tudo o mais que fosse a ele mostrado apenas uma vez. Além da poesia, o dom da memória lhe fora concedido.
Para alargar horizontes – e com fome de poesia! – Formiga mudou-se para o Rio de Janeiro e, mais tarde, para Brasília e São Paulo, cidades onde passaram por sua vida nomes como Catulo da Paixão Cearense, Divaldo Pereira Franco, Arthur Moreira Lima, João Café Filho, Juscelino Kubistchek de Oliveira, Mário Quintana, Saulo Ramos, Hélio Solto, Anselmo Duarte, Orlando Villas Boas, Luiz Vieira, Paulinho Nogueira, José Nêumanne Pinto, Rolando Boldrin e tantos outros. Nas noites de poesia e música realizadas em sua casa, a esposa Annabel deliciava-se com a participação de Silvio Caldas, Jacob do Bandolim e muitos outros amigos, que varavam a noite em saraus. Políticos, poetas, músicos, artistas, todos eram bem-vindos à roda de amigos.
A fama do poeta chegou ao ápice. Entrevistas para jornais e rádios eram constantes em sua vida, como no programa de Silveira Sampaio, em Brasília, cujo produtor era ninguém menos que Jô Soares, um ‘menino’ na época, mas que já marcava sua presença com o humor que lhe é peculiar. Formiga viveu, literalmente, de poesia, antes de ser repórter do grupo Folha da Manhã, que edita a Folha de S. Paulo, entre outros títulos.
A mediunidade
Foi Annabel, a esposa dedicada, que percebeu que algo não ia bem com Eurícledes Formiga. Após as constantes reuniões em casa, o poeta manifestava sua mediunidade, mas não de maneira tranquila e controlada. Era como se ele se sentisse mal, já que a falta de controle e o abuso da bebida alcoólica, sempre presente nos saraus, faziam com que espíritos mal intencionados se apossassem deste canal de comunicação tão importante, mas que ainda não era aceito pelo médium.
Quando os espíritos o deixavam e Annabel contava o que ocorrera, Formiga não acreditava. Foram anos e anos de luta dessa incansável mulher, que orava, buscava apoio nos irmãos espíritas e no Evangelho e insistia para que o marido procurasse socorro espiritual. Relutante, o poeta não aceitava os conselhos da esposa...
Foram o Frei Martinho – religioso a quem a mãe de Eurícledes clamava, em oração, pelas bênçãos ao filho – e o pai do próprio Eurícledes, Ferreira, ambos já desencarnados, que o ajudaram a buscar o caminho. As primeiras mensagens psicografadas por ele foram enviadas pela dupla, que ansiava pelo poeta crer em sua mediunidade. Ainda assim, o poeta resistia...
Cansada por ver o sofrimento do esposo e sua resistência, Annabel sugeriu que ele procurasse Divaldo Pereira Franco, poeta baiano que há muito se dedicava ao Espiritismo. Finalmente, Formiga cedeu ao pedido da esposa e iniciou seu desenvolvimento espiritual. No início de 1972, Formiga começou a frequentar o Centro Espírita Perseverança, em São Paulo, do qual nunca mais saiu.
O passo seguinte foi ir até Uberaba, com a finalidade de conhecer Chico Xavier. Essa passagem é impressionante e merece citação: Annabel e Formiga aguardavam para conhecer o grande médium. Havia mais de 30 pessoas na fila e ouviu-se a voz de Chico, chamando: “Formiguinha, vem cá!”. Como o marido não se manifestou, Annabel sugeriu que o médium o chamava. Resistente como sempre, Formiga não acreditou. Novamente, Chico chamou: “Formiguinha de luz, vem cá!”.
Annabel novamente falou ao marido que era a ele quem Chico chamava, ao que ouviu como resposta: “Filha, não é a mim que ele chama. Se fosse ‘Formiguinha de Treva’, poderia até ser, mas de luz, jamais”. Chico Xavier, no terceiro chamado, foi mais enfático: “Eurícledes Formiga, meu filho, vem cá!”. E, ao encontrá-lo, sorrindo, completou: “Formiguinha de luz, há dez anos que te espero!”.
Nem é preciso dizer que, a partir desse mágico encontro, os dois passaram a ser grandes amigos, sendo que o próprio Chico Xavier acompanhou o desenvolvimento da mediunidade de Formiga, que ajudou muitas pessoas em busca de mensagens de paz no Perseverança, até o seu desencarne, em 1983.
A biografia
Miguel Formiga que, assim como os irmãos Quito e Fafá Formiga, desenvolveu a mediunidade, teve em sua mãe, Annabel, uma fonte inspiradora e mão supervisora para escrever a biografia. Nela, além das histórias vividas pelo poeta, o leitor conhecerá parte de sua obra, por meio de poemas seus e outros psicografados.
Fazem parte da obra textos de José Nêumanne Pinto, Paulinho Nogueira, Saulo Ramos, Orlando Villas Boas, Paulo de Tarso Santos e Carlos A. Baccelli – médium escolhido pelo espírito Eurícledes Formiga para dar continuidade à obra poética –, todos contando como era conviver com o poeta.
O prefácio é um verdadeiro presente: por meio do médium Carlos A. Baccelli, o espírito Eurícledes Formiga mandou ao filho um comovente poema, agradecendo-o pela biografia.
Ricamente ilustrado com fotos que mostram diversos momentos da vida de Formiga, o livro é interessante tanto por quem pratica ou é simpatizante da Doutrina Espírita quanto para aqueles que querem conhecer um pouco mais da vida deste grande brasileiro.
Sobre Miguel Formiga
Nascido em 1960, Miguel Vinícius Guarnieri de Almeida Ferreira adotou o sobrenome Formiga como uma tradição iniciada por seu pai, nascido José Eurícledes Ferreira, que homenageou a mãe, Ana Ferreira Formiga, adotando seu sobrenome para a vida toda.
Engenheiro agrônomo por formação, escritor e palestrante, Miguel Formiga dedica-se ao desenvolvimento de pessoas na vida profissional. Como médium psicógrafo há mais de 20 anos, segue os passos do pai, que assumiu o papel de benfeitor e orientador espiritual, na continuidade do trabalho a que dera início ao lado de Chico Xavier.
Serviço:
Livro: Eurícledes Formiga, de Poeta a Médium, a resistência e a transformação
Autor: Miguel Formiga
Editora: Vivaluz
Páginas: 248
Preço sugerido: R$ 28,90