Quem Ama Escuta 


QUEM AMA ESCUTA é uma nova educação sentimental, baseada na escuta, daí o titulo do livro. Faz o leitor refletir sem preconceito sobre os dramas da vida e ter um encontro consigo mesmo. Segundo a autora, para sermos livres, precisamos decifrar os enigmas do inconsciente, analisar o passado para saber do presente e do futuro. Como em Fale com ela, Betty Milan responde às perguntas a ela endereçadas. Da mulher que é amante de um homem comprometido e não suporta o triângulo. Da jovem que transa pensando no irmão. Do gay que procura prostitutas para se convencer de que não é gay. Quem ama escuta reúne as melhores colunas publicadas em Veja.com.

Que relação existe entre Fale com ela e Quem ama escuta?
BM: As primeiras colunas do meu consultório sentimental foram publicadas na Folha de S. Paulo e reunidas pela Editora Record no livro intitulado Fale com ela. O consultório continuou na Veja.com. Dado o grande número de leitores e o fato de que nenhuma coluna é igual à outra, pareceu oportuno juntar novamente as melhores num livro que poderia se chamar Fale com ela 2. Porque o trabalho e a orientação são da mesma natureza.

Como você responde às perguntas do seu consulente?
BM: Não respondo à questão do consulente dando uma solução, porém indicando o caminho no qual esta pode ser encontrada. Faço isso através de uma análise rigorosa do texto enviado. Para dar a resposta, valorizo as palavras do consulente e a sua maneira de se expressar. Quanto mais eu me aprofundo na subjetividade de quem me pede um conselho, maior é a identificação dos leitores. Como em Fale com ela, respondo às mais variadas perguntas. Do septuagenário casado que se apaixonou por uma jovem. Da mulher que é amante de um homem casado e não suporta o triângulo. Da jovem que ao transar toma o parceiro pelo irmão. Do gay que procura prostitutas para se convencer de que não é gay.

O que tem o seu consultório sentimental a ver com a psicanálise e a literatura?
BM: O meu procedimento, enquanto consultora é, por um lado, análogo ao do romancista. Ao contar a história de Madame Bovary, Flaubert contou a das bovarianas passadas, presentes e futuras. Fez da Bovary uma adúltera universal. Também eu procuro a universalidade de cada caso. Daí as tantas referências ao teatro e à literatura. Por outro lado, faço com o texto do consulente o que o analista faz com a fala do analisando. Sublinho o que importa a fim de que o consulente possa olhar para si mesmo de maneira nova e desvendar o motivo do seu drama.

Qual a razão do título?
BM: Aprendi com o trabalho que, seja qual for a história, nós todos podemos nos reconhecer nela, porque a escuta humaniza. Quando escutado, o drama do outro pode se tornar meu. Tiro dele ensinamentos preciosos. Recebi mais de um e-mail em que o leitor me dizia isso. Valia-se da história alheia para resolver os percalços da própria.
Além de curar, a escuta aproxima. Permite encontrar a semelhança no seio da diferença e superar a intolerância. É um recurso privilegiado para alcançar a paz, que depende da capacidade de incluir o outro no nosso espaço vital. Só por isso, a importância do consultório sentimental é incontestável. Pode o meio de difusão mudar, porém o consultório não deixará de existir. Será sempre moderno.

Por que você diz que faz uma nova educação sentimental?
BM: Sustento, neste livro, as mesmas idéias presentes em Fale com ela. Ou seja, que é possível se liberar dos preconceitos e que, para não estar continuamente sujeito ao inconsciente, é necessário levar em conta a sua existência e decifrá-lo quando isto se impõe.
Tanto neste livro quanto em Fale com ela, há uma educação sentimental nova por três razões. Primeira: pela ideia de que o inconsciente existe e é preciso se escutar para não ficar à mercê dele, não ser vítima da paixão. Segunda: porque, em decorrência da importância aqui atribuída ao inconsciente, a educação não tem regra geral. A resposta é sempre função da particularidade de cada um. Terceira: porque, atualmente, a educação é feita pela mídia, e não mais no contexto da família ou através do romance, que é hoje uma referência de poucos.

Por que a nova educação sentimental é importante?
BM: Para avaliar a necessidade da nova educação sentimental, basta considerar a revolução sexual dos anos 60. Foi condicionada pela descoberta da penicilina e da pílula. Já não havia por que ter medo da sífilis e da gravidez indesejada. A palavra de ordem era transar livremente, sem freio algum. Foi um passo à frente; nós escapamos da repressão imposta às gerações anteriores. Só que o sexo se tornou obrigatório. Quem não aceitasse transar era antiquado. Houve uma verdadeira tirania do sexo.
Sem uma educação sentimental consequente, a liberdade sexual não existe. Porque esta depende da liberdade subjetiva, que nenhuma revolução ensina. O sexo só é livre quando escapa à repressão, à obrigação e à compulsão, quando somos sujeitos do nosso desejo. Como a base da nova educação sentimental é a escuta, o título Quem ama escuta se impôs. Tomara que este livro faça o leitor refletir sobre a sua existência e ter um encontro consigo mesmo. Tomara que o faça escutar mais e melhor, abrir-se assim para o outro.

BETTY MILAN é paulista. Autora de romances, ensaios, crônicas e peças de teatro. Suas obras também foram publicadas na França, Argentina e China. Colaborou nos principais jornais brasileiros e atualmente é colunista da Veja.com e da Veja. Trabalhou para o Parlamento Internacional dos Escritores, sediado em Estrasburgo, na França. Em março de 1998, foi convidada de honra do Salão do Livro de Paris, cujo tema era o Brasil. Antes de se tornar escritora, formou-se em medicina pela Universidade de São Paulo e especializou-se em psicanálise na França com Jacques Lacan.

QUEM AMA ESCUTABetty Milan
Grupo Editorial Record/Editora Record
416 páginas
R$ 42,90
ISBN: 978-85-01-09421-6

Fonte: assessoria de imprensa Comunicação & Cultura